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quinta-feira, 16 de junho de 2016

O Fogo de 1951

O Fogo de 1951 é um marco bastante trágico da história Pataxó. Dois homens homens procuraram pelos Pataxós dizendo que haviam interesse em ajudar na demarcação que terras Pataxó que enfrentavam um conflito com o governo do Estado que criara o Parque  Nacional de Monte Pascoal, território Pataxó. Houve então um assalto, realizado por estes dois homens. Porém, foram os Pataxós que sofreram as consequências cruéis da culpa que lhe impuseram. A Aldeia Barra Velha se extingui. Houve incêndio, mortes e muita crueldade. Os Pataxós que sobreviveram fugiram e se refugiaram como puderam. Nos anos 2000 quatro famílias voltaram a reivindicar suas terras em torno do Monte Pascoal.

Para ilustrar esta história veja imagens de "Um cordel indígena: Historia dos dois ladrões que obrigou os índios roubar" (ver fonte) e "O Fogo de 1951", de Jorge Linhaça:









O Fogo de 1951
Jorge Linhaça

Viviam os Patoxó
em sua terra em paz
E dois filhos do satanás
Servos dos "nobres" (quem mais?)
Sem nome que seja lembrado
Fizeram um plano traçado
De intriga e serventia
que aos do poder serviria
Pra território ocupado

Era o Parque Nacional
do dito Monte Pascoal
Sobreposto ao território
dos Pataxó, que imbróglio
Madeireiras, pecuária
as desculpas da mortalha
Interesse da nação?
Levando á quase extinção
A tribo pacífica, agrária

Engenheiro e tenente
Fazendo-se de amigos
dos Pataxó residentes
Convenceram essa gente
a visitar Corumbau
Num episódio fatal
Que merece ser lembrado
Como um ardil engendrado
de memória surreal

Saquearam o armazém
E cortaram o telégrafo
Inputaram a culpa a quem?
Ao grupo dos Pataxó
Logo a polícia sem dó
Aliada à jagunçada
A Aldeia fez cercada
Mataram, prenderam, sem dó
Qual tragédia anunciada

Pataxó escravizados
Manchando nossa história
Com esta triste memória
Foi tão grande a matança
E tão pouca a esperança
Que índio virou caboclo
Para escaparem uns poucos
Do destino tão cruel
Que me traz à boca o fel

Declarados extintos
Os pataxós escondidos
Aos poucos foram crescendo
A cultura refazendo
Em seus lugares distintos
O ano já era dois mil
E 120 famílias
Descendentes da armadilha
Tiveram um ato viril

Retornaram à aldeia
sua terra imemorial
Resgate da identidade
Não caboclo da cidade
O seu nome era um só
Nobre povo Pataxó
Foram expulsos à bala
por capangas da gentalha

Em 2003 retornaram
Por sua terra lutaram
Aldeias reconstruíram
Resgatando a cultura
Em seára seca e dura
Até que enfim atingiram
Derrotar os que os baniram
Retomar seu território
Depois de anos inglórios
Que os carrascos infligiram

Salve o povo Pataxó
Viva a sua resistência
Apesar da anuência
De um governo sem dó
Que com sua displicência
Achando ter competência
Quase reduziu a pó
Os primeiros brasileiros
A contatar estrangeiros

Viva Dona Zabelê
Sobrevivente do fogo
que nunca negou o seu povo
Viva Kijetxawê
A escola edificada
Essa"Casa ond'a cultura
é experencializada"
Na língua Patxohã
Por dona Zabelê falada

Findo aqui o meu relato
Mais um fato esquecido
Esperando que os ouvidos
Ouçam e entendam de fato
Quão grande é a ganância
E tão pouca a excelência
De quem tem a prepotência
De se achar por sobre a lei
E praticar tão vis atos

A diáspora Pataxó
E a sua resistência
Que nos sirvam de recado
De que as linhas do tempo
Não respeitam geografia
Qual diáspora Judia
Voltou o povo à terra
Cada qual com sua guerra
Mas com o mesmo resultado

Brenda Salzmann.



FONTES:
Recanto das Letras. Salvador, 11 de dezembro de 2011, (contatos com o autor: anjo.loyro@gmail.com). Fonte bibliográfica: <
http://www.rededesaberes.org/3seminario/anais/textos/ARTIGOS%20PDF/Artigo%20GT%202A-06%20-%20Paulo%20de%20T%E1ssio%20Borges%20da%20Silva.pdf>. Disponível em <http://www.recantodasletras.com.br/cordel/3383574>
Florent Kohler. Um cordel indígena: Historia dos dois ladrões que obrigou os indios roubar. Congresso Internacional de Literatura de Cordel, Oct 2005, Poitiers, France. HAL Id: halshs-00263689 https://halshs.archives-ouvertes.fr/halshs-00263689 Submitted on 13 Mar 2008. Disponível em <
https://hal.archives-ouvertes.fr/halshs-00263689/document>
CUNHA, Rejane Cristine Santana. O FOGO DE 51: Entre a memória oficial e as subterrâneas. Anais Eletrônicos - VI Encontro Estadual de História - ANPUH/BA, 2013 ISSN 2175-4772. Disponível em <
http://anpuhba.org/wp-content/uploads/2013/12/rejane-cristine-santana-cunha.pdf>

2 comentários:

  1. MUito Bom este blog recomendo de mais

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  2. Rapaz ai n ta a historia toda pow!
    Eu tenho 12 anos e sei mais q a hiatoria da Wikipédia ave maria

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