Um documentário baseado na obra de Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro. Inicia-se com “Matriz Tupi”, o primeiro povo componente da etnia brasileira. O Brasil índio já existia a mais de mil anos dos 1500, quando houve o encontro com os descobridores.
Há uma descrição dos povos indígenas que aqui habitavam, bem como as suas principais características. Os índios basicamente eram os tupinambás. Não havia, no entanto, uma nação tupi, havia uma abundância de tribos, totalmente autossuficientes em sua interação com a natureza. Conheciam a natureza em detalhes, conhecendo plantas e animais e conhecendo os diferentes usos a fazer.
Darcy viveu por dez anos com os índios, que se tornaram a sua maior paixão.
Os tupinambás viviam em função das guerras e das festas. A guerra era por conquista de melhores espaços. Não escravizavam os vencidos, incorporavam a sua força, realizavam ritos antropofágicos, o ritual maior de suas festas. Não havia pelejas internas, furtos ou brigas. Eram educados para a convivência a partir dos mais velhos. O poder emanava do exemplo, do carisma e da tradição. Jamais se davam ordens. Havia muitas liberdades. Casamentos podiam ser feitos e desfeitos. A homossexualidade não era vergonhosa e não era escondida de ninguém.
Havia a diferença de gênero, os homens eram educados para as funções da caça e da pesca e para a fabricação destes utensílios, bem como as canoas. As mulheres eram educadas para a tecelagem, o preparo das comidas e das bebidas e das grandes festividades. Não havia praticamente diferenças entre arte e trabalho. Não faziam grandes distinções entre esta vida e a outra. A outra seria uma continuidade do paraíso em que já viviam.
Iniciando o estágio da agricultura, já cultivavam a mandioca, o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora o guaraná, entre outros, e faziam deles alimentos e matérias primas para condimentos, estimulantes e venenos. Conheciam e interagiam com a natureza.
O traço mais marcante de sua cultura era a preservação de sua identidade. Na convivência aprendiam a serem índios. Era uma força que brotava de seu interior. A alegria era uma de suas maiores marcas. Viviam fazendo festas, comemorando nascimento, plantio, colheitas e mesmo rituais fúnebres. Eram implacáveis com os seus inimigos. Na guerra havia honra, uma ética e até uma estética. A morte era natural. A tribo os vingaria. Só não cabia em sua cultura, a desonra, a fuga e a mostra de fragilidades. Darcy narra o encontro com um índio que lhe nomeou mais de 1000 parentes, tal era o valor que davam aos grupos tribais e gostavam de lembrar e serem lembrados pelos feitos em sua vida. Não tinham como se vangloriar de posses, pois tudo era comum.
Tinham tudo, mas nada possuíam. Cultivavam roças próprias, mas a terra era de uso comum. Entre as grandes heranças nos deixaram os deslocamentos rápidos e a convivência com a floresta, o banho diário, a alimentação, mas acima de tudo a sua vida integrada com a natureza e o seu espírito de alegria e predisposição para a festa. Viviam se pintando, se enfeitando, cantando, dançando e brincando. Havia ricos rituais para tudo.
Quando viram os colonos chegarem a seu paraíso, imaginaram que eram os deuses que com eles vieram conviver no paraíso. Mal pensaram eles que era outra cultura chegando e que faria deles, meros objetos para os seus ganhos em outros valores, os valores cifrados em pau-brasil, cana de açúcar, ouro ou diamantes. Uma cultura que os transformaria em ninguém, palavra que Darcy usa bastante, para designar que com a soma desses ninguéns é que foi se formando o povo brasileiro e a ele dando identidade. Além de Darcy, participam deste primeiro capítulo, Aziz Ab'Saber e Washington Novaes, que explanam sobre o tema e Chico Buarque de Holanda a fazer leituras. (Texto: Blog do Pedro Eloi).
Brenda Salzmann.
FONTES:
Há uma descrição dos povos indígenas que aqui habitavam, bem como as suas principais características. Os índios basicamente eram os tupinambás. Não havia, no entanto, uma nação tupi, havia uma abundância de tribos, totalmente autossuficientes em sua interação com a natureza. Conheciam a natureza em detalhes, conhecendo plantas e animais e conhecendo os diferentes usos a fazer.
Darcy viveu por dez anos com os índios, que se tornaram a sua maior paixão.
Os tupinambás viviam em função das guerras e das festas. A guerra era por conquista de melhores espaços. Não escravizavam os vencidos, incorporavam a sua força, realizavam ritos antropofágicos, o ritual maior de suas festas. Não havia pelejas internas, furtos ou brigas. Eram educados para a convivência a partir dos mais velhos. O poder emanava do exemplo, do carisma e da tradição. Jamais se davam ordens. Havia muitas liberdades. Casamentos podiam ser feitos e desfeitos. A homossexualidade não era vergonhosa e não era escondida de ninguém.
Havia a diferença de gênero, os homens eram educados para as funções da caça e da pesca e para a fabricação destes utensílios, bem como as canoas. As mulheres eram educadas para a tecelagem, o preparo das comidas e das bebidas e das grandes festividades. Não havia praticamente diferenças entre arte e trabalho. Não faziam grandes distinções entre esta vida e a outra. A outra seria uma continuidade do paraíso em que já viviam.
Iniciando o estágio da agricultura, já cultivavam a mandioca, o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora o guaraná, entre outros, e faziam deles alimentos e matérias primas para condimentos, estimulantes e venenos. Conheciam e interagiam com a natureza.
O traço mais marcante de sua cultura era a preservação de sua identidade. Na convivência aprendiam a serem índios. Era uma força que brotava de seu interior. A alegria era uma de suas maiores marcas. Viviam fazendo festas, comemorando nascimento, plantio, colheitas e mesmo rituais fúnebres. Eram implacáveis com os seus inimigos. Na guerra havia honra, uma ética e até uma estética. A morte era natural. A tribo os vingaria. Só não cabia em sua cultura, a desonra, a fuga e a mostra de fragilidades. Darcy narra o encontro com um índio que lhe nomeou mais de 1000 parentes, tal era o valor que davam aos grupos tribais e gostavam de lembrar e serem lembrados pelos feitos em sua vida. Não tinham como se vangloriar de posses, pois tudo era comum.
Tinham tudo, mas nada possuíam. Cultivavam roças próprias, mas a terra era de uso comum. Entre as grandes heranças nos deixaram os deslocamentos rápidos e a convivência com a floresta, o banho diário, a alimentação, mas acima de tudo a sua vida integrada com a natureza e o seu espírito de alegria e predisposição para a festa. Viviam se pintando, se enfeitando, cantando, dançando e brincando. Havia ricos rituais para tudo.
Quando viram os colonos chegarem a seu paraíso, imaginaram que eram os deuses que com eles vieram conviver no paraíso. Mal pensaram eles que era outra cultura chegando e que faria deles, meros objetos para os seus ganhos em outros valores, os valores cifrados em pau-brasil, cana de açúcar, ouro ou diamantes. Uma cultura que os transformaria em ninguém, palavra que Darcy usa bastante, para designar que com a soma desses ninguéns é que foi se formando o povo brasileiro e a ele dando identidade. Além de Darcy, participam deste primeiro capítulo, Aziz Ab'Saber e Washington Novaes, que explanam sobre o tema e Chico Buarque de Holanda a fazer leituras. (Texto: Blog do Pedro Eloi).
Brenda Salzmann.
FONTES:
Blog do Pedro Eloi. Disponível em <http://www.blogdopedroeloi.com.br/2013/04/o-povo-brasileiro-1-matriz-tupi.html>
VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=wfCpd4ibH3c.
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